No 1.º de Maio, há 50 anos, estive ali. Fui um entre a maior multidão que alguma vez me envolveu. Foi o primeiro 1.º de Maio da minha vida, em liberdade, com a exaltante moldura de 1 milhão de portugueses. Jamais esquecerei aquele dia mágico, a degustar a liberdade e o sabor da democracia. O MFA foi a força motora do entusiasmo, a inspiração de todos os sonhos, a referência emblemática para todas as transformações, o algoz da ditadura e arauto da democracia. Foi a festa da liberdade numa jornada de emoções fortes e solidariedade. O feriado do 1.º de Maio, em Portugal, renasceu ali, tardio, exuberante, no rescaldo da ditadura fascista, com abril fresco de cravos e maio florido de sonhos, nos discursos de sindicalistas, seguidos dos de Francisco Pereira de Moura, Nuno Teotónio Pereira, Mário Soares e Álvaro Cunhal. Éramos mais, muitos, muitos mais do que os 500 mil que em 1886, em Chicago, deram origem e significado à data que nesse dia voltou a festejar-se em Portugal. A memória desse d